silênciospalavras

a sedução das palavras...e o descobrir do silêncio

Thursday, March 30, 2006

Gosto

Gosto quando me acendes um cigarro e me dás como quem dá um prazer. Gosto quando o atiras para o chão e ele rebola até se adormecer na falha da calçada, mas gosto mais quando o amarfanhas no cinzeiro enquanto os teus olhos se enfeitiçam e eu te adormeço no fumo do desejo.
Gosto de te ler numa esplanada, enquanto imaginas que o meu pensamento está longe demais. Gosto de te ler de soslaio na confusão e de te folhear quando te avisto ao longe. Gosto de te ler no sofá quando tu só pensas em me tocar uma vez mais, mas gosto mais de te ler na cama enquanto pensas que eu sou tua. É quando finalmente percebo que eu nunca serei aquela que é tua.
Gosto quando me tocas devagar, a cortar o vento na minha pele e quando te sinto arrepiar de prazer. Gosto quando dizes que me amas, mas gosto mais quando eu me amo, porque tu és o que rebola incandescente pela minha vida, para cair na falha da minha calçada, o que não devia estar aqui, mas está, só porque há espaço para adormeceres em mim.
Gosto de te ler na cama porque nunca lá li grandes histórias, mesmo que já tenha adormecido com grandes livros.
Gosto da metáfora em nós porque é a única maneira para o nós continuar a viver, mas gosto mais quando nos mato pois é a única metáfora que me vai permitir renascer.

*Para uma antiga paixão que ganhei mas guardei num qualquer tempo de mim

Instantes

“Mexiam os teus lábios enquanto mexiam em mim todos os sentidos e entrava em mim a música de te querer. As tuas palavras continuavam a sair doces como sussurros que eu não ouvia porque só o meu corpo te percebia e eu só queria que calasses essa doçura nele. Foi só por isso que te fiz meu naquele segundo, que fiz com que o tempo parasse ali, porque eu não podia deixar que os segundos se continuassem a acumular no meu corpo e tu já estavas atrasado para calares o teu mundo nos meus lábios.

Monday, March 27, 2006

Mais um abraço que me levou ao que não queria mais sentir, um abraço que nos levou ao beijo, esperado por ti, adiado por mim.
Saber que por agora não quero ficar em ti assim, saber que te amo hoje como noutro dia qualquer, saber que por mais voltas que possamos dar, nenhuma nos afastará deste beijo e deste abraço.
A vida vai-nos arrastar para outros abraços, porque eu quero que assim seja, mas talvez um dia eu volte a esta nossa utopia e viva nesta nossa casa.
Não sei se o passo é o certo, não sei se o que me magoaste será capaz de afundar o que sinto por ti, não sei se conseguirei levar até ao fim esta decisão. Hoje mais do que ontem e amanhã mais do que hoje eu tentarei, porque tu cravas em mim um olhar que eu sei que é para sempre. E ainda é cedo para tentar viver este sempre, demasiado cedo depois do turbilhão, demasiado cedo depois de quase ter perdido a vontade de querer o abraço e o beijo de nós.

Saturday, March 25, 2006

Reencontro

Um reencontro...de velhos colegas, daqueles que fizeram parte da minha vida durante aqueles anos da vida de estudante.
Nem sempre os olhei como agora os vejo, nem sempre ansiei por estar com voces e nem sempre vos dei o devido valor. Se calhar passei tanto tempo da minha vida a correr por sentimentos, que me fui esquecendo que voces estavam mesmo ali.
E no fim do percurso olhei com mais atenção e vi mais...bem mais.
E agora espero por voces para uma noite como aquelas que tivemos, em que nos esqueciamos das diferenças e simplesmente viviamos.
O brinde será feito, aos presentes e aos ausentes, aos momentos passados e aos que virão.
O brinde será feito aos caminhos que nos separam e ao que nos traz sempre de volta a Coimbra, para mais um momento de pura felicidade.

Thursday, March 23, 2006

Se...

Se eu nunca acreditei em nada, se raramente acreditei no amor, se os fantasmas da minha solidão nunca me abandonaram, se hoje nada parece fazer sentido, se passamos cada segundo a tentar afundar o que sentimos um pelo outro, em corpos que desejamos no imediato…
Se nunca conseguimos aniquilar este nosso sentir, que tão depressa se torna numa força, como nos leva a uma qualquer paz…
Se o tempo parasse e eu voltasse a ser de ninguém, se o sol desaparecesse e eu ficasse na escuridão do meu eu, se eu não tivesse tropeçado no teu olhar…mesmo assim era impossível não te amar.
Se vais embora não faz sentido pedir-te o contrário, se vais embora deixa que eu também parta. Mas tu sabes, e eu finjo não saber, nunca seremos felizes um sem o outro. Tu dizes e eu calo, mesmo sabendo que te amo, mesmo sabendo que tu és o imperfeito homem da minha vida.
A vida é feita de demasiadas encruzilhadas, nós somos demasiados curiosos para não tentar viver todos os caminhos. Não preciso de alguém que me diga que eu sou a única e que quer ficar comigo para sempre.
Amo o nosso amor porque nunca foi inocente, é feito de tudo o que vivemos, de escolhas, de encruzilhadas, de outras pessoas por quem nos apaixonamos, de outras que quisemos na pele, de certezas e fraquezas.
Sabes o que quero de alguém?
Que me digam: vivi tanto e tenho outro tanto para viver, apaixonei-me por outras pessoas, talvez venha a desejar outras tantas, talvez venha a pôr este nosso nós em causa, mas tu és aquela que quero que não seja minha, aquela em que me deitarei para amar até ao fim do amor, aquela que não esperou mais de mim do que aquilo que sou.
Sou incapaz de me fazer tua porque não sei amar assim, mas também sou incapaz de um dia deixar de ser parte de ti.
Talvez seja tudo o que não queres, talvez sejas tudo o que nunca quis, mas nós somos tudo o que nos faz felizes.
Talvez seja isso o amor…aceitar a imperfeição para alcançar a felicidade.

Wednesday, March 15, 2006

Recordar

Ouvir a tua voz e de repente perceber tudo.
A noite em que te conheci, as palavras que começaram do nada e que nos envolveram na história amarga das nossas vidas. As dúvidas que trazíamos no olhar, e que repousamos no abraço um do outro. Naquela primeira noite em que tu afagaste todas as lágrimas que se acumulavam em mim e eu bebi todas as que trazias no tempo. Naquela primeira noite em que te conheci, naquela primeira noite em que nos esquecemos da dor e nos fizemos um do outro.
E nas noites seguintes, em que o fim sempre se mostrou inevitável. O fim da noite era em ti que o queria passar só porque tu estavas dentro de mim, porque eu estava dentro de ti.
E recordar-te é tão bom, porque me traz a felicidade que me trouxeste, a calma que me deste, a paz que eu precisava para continuar o resto do caminho sozinha.
Ouvir a tua voz e de repente perceber que nós fomos um casulo perfeito um para o outro. Nós escondemo-nos do mundo um no outro, e encontramos o caminho um no outro. E foi esse o teu papel na minha vida, fazeres com que eu continuasse a andar.
Saber que estás bem, mesmo depois de tanto tempo, traz-me um tipo de felicidade que me surpreende. É bom saber que estás bem, que tens alguém que te faz sorrir, que te ama como tu sempre o mereceste.
Ouvir a tua voz e perceber que nós fomos um lugar de passagem, para algo bom e maior.
Que sejas sempre aquele que conheci numa noite, aquele que se fez meu sempre que a noite se apoderava do nosso coração, aquele que dormiu na minha cama, sempre que precisamos de abrigo, aquele que me mostrou que vale a pena continuar. Se fores sempre este que adoro, a vida certamente te devolverá tudo o que tu mereces…felicidade.
És muito especial e serás sempre, não pelo que me deste, não pela nossa história, mas pelo que mostraste ser sempre. E por isso mesmo morarás sempre em mim. Obrigada.

Hoje

E hoje tu voltaste, a querer o meu refúgio, a querer o meu abraço, as minhas palavras. E hoje tu não resististe a querer-me a mim, vi nos teus olhos o que vi durante tanto tempo, o que procurei nos últimos meses e achei que se tinha perdido num canto labiríntico de ti…o teu amor por mim.
Voltei a ver os teus medos, as tuas indecisões, os teus pensamentos transparentes, como de resto sempre foram para mim. Voltei a sentir-te tão perto que por momentos me esqueci que tinhas partido e os porquês dessa partida. Mas ela existiu e por mais vontade que eu tivesse de ficar em ti, uma vez mais, até ao fim do sempre, não o fiz. Tu és tudo o que eu sempre soube que tu eras, mas neste momento tu és tudo o que eu não te conheço, porque eu não sei esquecer tudo o que aconteceu. Sei perdoar, sei continuar a amar-te, mas esquecer não sei. Da mesma forma que já não sei qual o meu lugar na tua vida.
Já não me arrasto de dor pelo chão, já não choro como sempre neste tempo todo, já não lamento o fim, já não questiono os porquês. Quero viver, mesmo que hoje só me tenha apetecido ficar a teu lado, mesmo que hoje só me tenha apetecido satisfazer a tua vontade, mesmo que hoje quase tenha fraquejado.
Seria mais fácil contigo a meu lado, mas eu vou continuar, estejas ou não a meu lado, porque esta é a minha génese, viver, e ninguém, nem mesmo tu, poderá parar isto para sempre.
Agora deito-me na cama nua, porque ela sempre ficou assim desde que te conheceu, deito-me no frio de não estares, mas no quente de ter tomado uma decisão e a levar até ao fim. Mais do que o teu corpo, quero a minha alma, e não me posso dar ao luxo de deitar tudo a perder por ti.
Um dia voltarás, um dia quando eu deixar que o faças.
Faltas-me tu, mas sou feliz comigo e isso é o mais importante da vida.

Tuesday, March 14, 2006

Sol

Eu sei que ninguém gosta, eu sei que ninguém me percebe, eu sei que já travei algumas lutas com quem dormiu comigo, mas…é tão bom acordar com o sol a bater-nos na cara.
Adormecer no escuro total e acordar com aquele sol a brincar com a nossa pele.
E hoje acordei assim…e fiquei ali a gozar aquele meu momento de prazer que ninguém percebe e finalmente a perceber a minha vida.
O sol chegou e veio com o quente para me descongelar, para me tirar da apatia do não querer mais sentir, para me levantar da queda da perda, para me dizer que eu sou mais do que aquela que vivia comigo.
E hoje andei pelas ruas com um sorriso na cara. Alguém comentou que me viu passar e que eu ia simplesmente a sorrir como já não se lembrava de ver em mim. Porque hoje eu simplesmente sorri. Dormia no escuro e hoje o sol acordou em mim.
Hoje voltei a caminhar pelas ruas enquanto abraçava o que trago no peito e apeteceu-me ligar a todos os que adoro e que amo e dizer que…que nada, que estão na minha vida, no meu coração, que se pudesse os abraçava a todos, um por um.
Hoje voltei a querer crer, voltei a andar sozinha mas com o coração cheio de coisas boas, voltei a perceber que vale a pena…hoje voltei a mim.

Friday, March 10, 2006

Sem ti

A minha vida sem ti…
A chuva continua a molhar-me, o sol continua a aquecer-me, o mundo deve continuar a girar e eu continuo a levantar-me manhã após manhã, continuo a deitar-me sem sono e a rebolar por ti nos meus sonhos.
É culpa de quem? Será minha, será tua, ou de ninguém? Será culpa do amor que me fez tua mesmo quando nunca fui de ninguém? Será a culpa o meu maior conforto esta noite, mais uma vez? Será da solidão?
A minha vida sem ti?
Continua a ser vida porque só me resta tanto…viver. Viver todos os dias sem esquecer que te amo, sem esquecer que me fazes falta, sem esquecer quem sou. Sem esquecer que eu nasci para viver, para acordar todas as manhãs estando ou não contigo ao meu lado.
Além deve existir um sorriso para mim, um espaço para descansar, um amor para viver, porque o teu amor já só me traz a calma para dormir e eu preciso de andar, de me apaixonar…
A minha vida sem ti?
É a tristeza de te ter perdido e a alegria de saber que estou viva, estou de pé mesmo sem ti na minha vida. A certeza de saber que sou capaz de viver sem ti mesmo que traga sempre o teu amor no meu olhar.