silênciospalavras

a sedução das palavras...e o descobrir do silêncio

Wednesday, February 22, 2006

Adeus

Sentir-te a perceber o teu olhar em mim. Absorver o teu olhar, mesmo sem o ter visto, e mesmo assim ficar nele.
O teu olhar que hoje me protegeu de um outro que sempre me fulminou de dor. Aquele outro de quem tantas vezes me afastaste, de quem tantas vezes me consolaste, de quem tantas vezes me bebeste as lágrimas de o chorar. Aquele que me levou a ser tudo que não sou.
E hoje fiquei no teu olhar, porque me sentia amada, protegida, segura como sempre, desde que te conheci. E hoje deixei-me ficar em ti pela última vez.
O tempo passa e nada leva, desenganem-se os sonhadores, que como eu pensam que o tempo tudo cura. O tempo por si só nunca nos leva nada, nós é que podemos ir desfazendo no tempo os sentimentos e deixando os farrapos por ai.
Tenho de ir embora, meu amor, porque o tempo se acumula em mim, e eu não sei desfazer o que sinto por ti, nem sei esperar como sempre esperei, que o amor amanheça em ti, para me dares. Tenho de ir embora, meu amor, porque não faz sentido esperar por algo que não vem e nunca virá. Tenho de ir embora, meu amor, porque não consegues adormecer a dor em mim, como tantas vezes fizeste.
É tempo de voltar a caminhar, mesmo que só me apeteça dormir, encostada ao amor que transcende o tempo. Tenho de erguer a razão, e deixar o coração adormecer, para ter força para lutar. Lutar por mim, pelo que sou, pelo que quero, pela vontade de voltar a trazer aquele sorriso em mim.
Tenho de ir ver um sol a outro porto, tenho de ir lá aquecer-me nele, tenho de ir lá conquistar-me, porque me perdi quando te perdi.
A ti, só me resta dizer…que é tarde, muito tarde para me amares, como sei que o sentes. É tarde para nós…mas é o tempo certo para mim.
Vou, porque sei que nunca sairás de mim, vou para resgatar das ruínas tudo o que amas em mim, vou porque tenho de amar a vida outra vez, vou para talvez um dia voltar a um sempre que quero passar a teu lado.
É bom abrir a mão que segura a tua a saber que te amo!
É bom abrir a mão que segura a tua e partir para sorrir!
É bom abrir a mão que segura a tua a esperar que um dia consiga voltar!
É bom voltar a mim!

Monday, February 20, 2006

Mais um dia

Esperei por ti, mais um dia, mais uma noite, mais um copo que caiu no chão, mais um olhar que não me acalmou, mais um tocar que não me fez sorrir, mais uma música que não me faz dançar, mais uma conversa que ficou por terminar.
Mais um momento que se adiou, no medo, o teu e o meu, de que o fim seja o nosso próximo passo. Eu vou-te atirando com olhares de um fim anunciado, mas esqueço-me que me conheces o coração e a alma como ninguém.
Medo envolto em cobardia, a tua e a minha, de uma conversa que não queres ter, que eu própria adoraria evitar, mas que é inevitável.
Será a conversa inevitável, ou será ou fim que o é?
Devias ter vindo logo, quando cai no chão, levantar-me com o teu olhar, devias ter vindo logo, quando me faltou o ar para respirar, dar-me o único ar que quero que entre em mim, o do teu carinho.
Mas não vieste, nem vens, nem sei porquê. Não sei se não o sabes fazer…mas é tão fácil. Não sei se para ti eu não o mereço…mas um nós merece tudo. Não sei se não sabes lutar…mas é tão triste deixar tudo sair de nós.
Tudo o que te escrevi, tudo o que te disse, tudo o que vivi contigo, tudo o que sei que és, tudo o que eu adoro, tudo o que odeio em ti, deste tudo de nada me arrependo. Tenho a certeza de cada palavra que te dei, de cada olhar, de cada sorriso, mas agora és tudo o que não sei ver em ti, és tudo o que eu nunca quis ter em mim.
Não existe maior traição do que aquela que nos trai a nos próprios. E tu traíste tudo o que eu era para ti. Ou será que só traíste tudo o que eu pensei ser para ti?
Tantas perguntas, tantas que não têm resposta, algumas porque não mas queres dar, outras porque nem tu as saberás. Tantas perguntas, aquelas que não quero fazer, aquelas que me doem mais, aquelas que as respostas me fazem abandonar-te para sempre. Tantas perguntas que me fazem cair, cair de um sonho que sempre foi imperfeito, e hoje é simplesmente irreal.
Onde estás?
Onde queres que eu fique?
Onde foi que arrumaste tudo o que já fomos?
Onde foi que nos esqueceste?

Thursday, February 16, 2006

Ressacas

Bem, quando eu escrevi no post anterior para encher o copo e brindar, não estava certamente a referir-me a esvaziar as garrafas.
Mas, foi exactamente isso que fizemos, festejamos em grande o dia dos namorados, ou então não...a expressão "foi a ultima gota",aplica-se perfeitamente à noite que passamos. Foram gotas a mais de alcool, foi um transbordar que nunca pretendi que fosse tão transparente.
Tentei atirar-te com a minha raiva e percebi que por mais voltas que o mundo dê vou sempre trazer o teu amor tatuado em mim.
Agora espero por ti, não sei para quê, não sei para que olhar, não sei se para o fim, se para o recomeçar. Só sei que aconteça o que acontecer, eu vou andar, vou continuar a bater com a cabeça na parede, vou continuar a respirar, mesmo que de cada vez que o faça isso me mate de dor.
Espero por ti...e não o esperei sempre?

Tuesday, February 14, 2006

Valentine's Day


Esta tradição que nem é nossa e que é relativamente recente para nós.
Este enjoar de bonecos com corações que trazem gravado um "amo-te", este consumismo desenfreado, este simplismo com que se trata o amor...e no entanto não se consegue passar indiferente a tudo isto.
Se somos inundados neste dia, porque não festejá-lo mesmo?
Celebrar o que realmente importa...os sentimentos, os carinhos, os afectos, os amores e as paixões. Na correria da vida nem sempre temos pronto um sorriso, um carinho, um obrigada para quem está sempre lá, para quem é importante.
Deixar de lado aquele mel todo que nunca me soube bem, traduzido em bonecos e postais com as mesmas frases sempre, num festejar porque "é hoje o dia". E celebrar os sentimentos, todos, sejam quais forem, encher o copo aos amigos que temos, levantar o copo às paixões e aos amores, brindar à felicidade e beber a nós, porque mais importante que tudo é o amor que sentimos por nós proprios...aquele que deveria ser o primeiro amor de todos nós, e como dizem o primeiro amor nunca se esquece.
Feliz Dia dos Namorados!
Feliz Dia da Amizade!
Feliz Dia do Amor!

A mim


Mais um dia...
Viro as folhas da minha vida sem perceber o certo e o errado. Eu ando sempre à procura...de mim, de ti, de um nós.
As primeiras palavras são como os sentimentos…sempre doces demais. São só palavras porque ainda não percebemos muito bem o sentimento que as origina. Têm um véu de encantamento, de loucura terna, de simples procura por alguém.
No entanto, quando entramos numa dança em que não sabemos os passos, deixamos que alguém nos conduza. Esquecer que só nós podemos guiar a nossa vida, pode ser fatal para tudo o que somos. É a descobrir os passos certos porque demos os errados que aprendemos a dançar, seja qual for a música, mesmo que olhemos para o lado e estivermos sozinhos na pista. Hoje vale a pena continuar, ainda que no ontem só existisse solidão.
São muitas as vezes que apetece desistir, que apetece gritar ao mundo que pare porque nós não aguentamos caminhar mais. Segundos em que apetece rasgar todos os livros do mundo, apetece rir descontroladamente, apetece enlouquecer de dor.
Gera-se dentro de nós uma batalha silenciosa que rapidamente acorda uma fúria que impede de ver. Ninguém ganha, ninguém sai vencedor mas só perde quem quer.
As perguntas vão tomando parte da minha vida e tantas vezes foram reduzidas somente a uma: será que vale a pena?
No entanto os segundos sucedem-se e por vezes presenteiam-nos outra vez com uma das coisas mais precisas da vida: a amizade. E a resposta aparece, radiosa como se nunca tivesse saído de nós.
Quantos eles já tive na minha vida? Quantos nós já procurei? Quantas de mim já ficaram numa qualquer tempestade?
Esta é a carta a mim mesma, aquela que está escrita em mim e em mais lado nenhum, porque a escondo do tempo com medo que ele a amarfanhe nele.
A carta que escrevo a ti, porque tu és aquela parte de mim que vive, morre e renasce.
Eu sou a que vê a luz que tu não enxergas, eu sou a que a segue e a que a faz sua, para depois ela se apagar e eu me perder no teu escuro. Eu sou a que me apaixono como se não houvesse amanhã e tu és a que me lembra que existe sempre um amanhã e que ele só depende de mim. Tu és a colher que escavaca a chávena, a memória que vive como acido em mim.
Quantas vezes tombamos juntas? Quantas vezes te convenci que “ele” era o tal?
Será que existe mesmo alguém para cada um de nós? Que fomos feitos num só corpo e depois divididos e por isso mesmo passamos a vida à procura da nossa outra metade? Será que quando encontrar-mos essa outra metade vamos reconhece-lo e ficar num só até ao resto da vida? Será que o amor incondicional e eterno existe?
Se a vida é assim onde ponho os que passaram por mim?
Se tudo funciona assim, onde estás tu minha parte de mim? Talvez te tenha já perdido porque eu sempre fui muito boa a perder coisas e amores. Talvez passes todos os dias por mim enquanto eu ando a matar sentimentos pela rua e eu nunca te tenha visto passar. Talvez sejas quem sempre esteve aqui, ao meu lado e eu nunca me tenha atrevido a tentar viver a historia do “era uma vez” contigo. Ou então nada disto existe e é só uma invenção dos que querem justificar uma relação ou então é última esperança dos solitários.
Eu tenho que ser mais do que metade de outro alguém, eu sou uma e talvez um dia apareça o que não quer ser a outra metade.
Eu sei que queres repousar, que queres tomar conta de mim, que me imploras para eu não trazer mais ninguém para casa para amarmos. Eu sei que estás cansada, mas de que vale parar no tempo, se o tempo não pára em nós?
Perguntas, sempre perguntas. Nunca as respostas.
Eu vivo nas perguntas e sou incapaz de viver das respostas, por isso vou esgravatando o ar para um dia me encontrar por baixo dele e perceber tudo o que sou. Nunca é tarde ou cedo demais, tudo tem o tempo certo, aquele em que acontece.

Thursday, February 09, 2006

Patricia

Felicidade, alegria, muita alegria, muitos sorrisos embrulhados em lágrimas…e outra vez a felicidade.
Fecha-se a capa em volta de ti, a capa negra que tantas vezes te fez voar pelos sonhos, te alimentou os sorrisos em dias só de felicidade, te escondeu as lágrimas quando o rio nascia em ti. A capa que te protegeu da chuva, do frio, te mostrou os caminhos, e te fez encontrar o lugar, que te mostrou o amor onde ficaste e espero que fiques sempre enquanto fores feliz.
Noites de copos, noites de estudo, noites de medos, dias de nadas, dias de tudos…e chegar sempre a casa…a casa do amor e da amizade que conquistaste aqui e que terás sempre para ti.
O sorriso da felicidade, a lágrima de fechar um ciclo, a certeza que o que conquistaste nunca perderás, porque os sentimentos vão dentro de ti, as memorias vão no teus passos, as pessoas vão sempre na tua vida.
Fecha-se a capa, abre-se o mundo…
Fecha-se a capa e guarda-se a colecção de tudos e de nadas no coração. É tempo de partir, é tempo de caminhar noutra direcção, é tempo de seres muito feliz noutro céu.
É tempo de dizer que já não sei escrever para ti, porque não sei as palavras certas para te dar, tempo de dizer que espero que sejas muito feliz, tempo de te continuar a amar…tempo de dizer: PARABÉNS Sr.ª Dr.ª

Ouvir uma música e perceber que tudo vai ficar bem.
Chega a calma nas palavras, nas minhas palavras. Naquelas que fui tecendo para nós, como quem tece o mais fino tecido. E no fundo foi esse o problema era fino demais, o tecido. Tu rompeste-o e eu já não tenho sentimentos para o remendar.
Sentimentos? Eu ainda te amo, e sempre o sentirei, porque as palavras ditas não podem ser caladas, porque os momentos não podem ser apagados, porque o amor quando nasce em mim não sabe morrer. A única diferença é que não te darei mais esse amor. Vai ficar assim em mim calado nas palavras, quieto nos momentos, em coma num espaço de mim. Porque não vale a pena, porque não sei mais ser de outra forma, porque neste momento preferes o silêncio, e eu como te amo vou dar-to.
E rasga-me esse amor que te tenho. Rasga-me a alma na vontade de te ter, de libertar o que sinto, de te pegar num abraço como sempre o fiz, de te dar o meu olhar como sempre o quiseste…e hoje não queres mais. Nada parece igual, nem o ar que me toca, nas as palavras que me dão, nem o amor que me oferecem, nem os beijos que me dão, nem eu. Eu não sou igual, porque deixei de acreditar, de acreditar em ti na minha vida. E como para ti é mais fácil este alheamento eu vou-to dar, porque te amo.
É mais fácil o silencio sem as palavras que te possam magoar, é mais fácil pensar que o tempo tudo cura e que tudo passará, é mais fácil não vires buscar o meu olhar que sempre foi teu, é mais fácil encostares-te nas tuas crenças que te confortam. É mais fácil para ti…e eu vou te dar essa facilidade…porque te amo.
Vou sair de ti para não voltar mais, vou levar o que sinto e que sempre sentirei, vou levar no abraço que era teu, vou prender o olhar que nunca deixará de te pertencer, vou guardar atado a mim, para nunca mais abrir…porque também me amo.

casulo do amor

Será que tudo tem um fim?
Será que mesmo o que nos parece infindável, acaba por não o ser?
Será esta a grande verdade do mundo, que tudo nasce e tudo morre um dia?
Ou será que os sentimentos nunca morrem, só se transformam? Se cada passo que damos nos muda, se cada experiência que temos nos faz diferentes enquanto pessoas, então não seria mais cómodo ficarmos quietos no escuro a resguardar os sentimentos?
Será que o crescer nos transforma os sentimentos, ou acaba com uns para ver nascer outros?
O amor as vezes parte, porque o deixamos partir, mas as vezes parte só porque partiu. Assim, sem respostas aos nossos porquês, sem consolo para as nossas lágrimas, sem respeito por tudo o que já havia sido erguido.
O escuro do amor é tão bom para quem lá consegue estar. Mas será que isso é a nossa natureza? Não é suposto vivermos tudo o que conseguirmos? Viver com luz tem mais riscos, mas é o único viver.
E se o amor que pensamos ser para sempre se transformar em carinho, em respeito, em admiração, e numa suave rotina, mais fácil e confortável, num suave amar. Será que é só uma derivação do amor adulto, ou será que é o fim? E porque não abrir as portadas do coração e ver a luz da vida e de um outro amor que nasce a nosso lado? Porque é injusto para quem está a nosso lado, porque é aterrorizador mudar o nosso dia, a nossa rotina, os nossos planos que já eram finais, porque poderá ser o maior erro da nossa vida, porque podemos só estar a ver o fogo da paixão que acaba sempre por abrandar no amor. Tudo isto são os motivos para querer ficar para sempre.
Os motivos para sair do casulo do "amor para sempre"?
Não são tantos como para ficar, não são tão racionais, não são tão justos para os outros…mas não são esses que nos fazem viver?
Arriscar, perder, arrepender, amar para sempre mas só enquanto o sempre durar e correr sempre atrás de tudo o que não conhecemos sentir, mas que queremos tentar viver.
Mudar a vida sempre que a vida já não mude nada em nós, caminhar sempre que as pernas já não se mexam, correr atrás do que não sabemos, mesmo quando julgávamos já ter a nosso lado o tal amor para sempre.
E o “será” será sempre a nossa catana para desbravar a floresta de sentimentos de que somos feitos.