silênciospalavras

a sedução das palavras...e o descobrir do silêncio

Tuesday, April 25, 2006

Partir

Vagueei pelas ruas até me acabarem as pernas, enquanto tentava desfazer este manto de sentimentos e deixar os farrapos esquecidos pelas ruas.
Chego a casa, cansada de não voar, acendo um cigarro e tento apagar o mundo por um momento. A campainha toca.
Chegas com esse olhar onde me tens.
Vens para me levares uma vez mais, vens para me fazeres parte de ti, vens para perceber que nunca nada mudou.
Eu quero esse olhar, quero esse aconchego, quero esse respirar na minha pele…
O cigarro fica a queimar no cinzeiro enquanto queima em mim a tua pele. A cinza fica suspensa num corpo frágil e contorcido a aguentar a queda inevitável…e assim fico eu por ti, por nós.
Vieste para eu me despedir de ti, para eu apagar o mundo por um momento, para eu guardar o manto que não sei desfazer.
Vieste para que tenhamos a certeza que um adeus em nós será sempre um: voa para seres feliz mas leva este abraço para sentires que voar vale a pena.

Friday, April 21, 2006

Tempo

Se o tempo não existisse eu nada seria, mas hoje queria desfazer-me dele. Que tudo à minha volta parasse só para eu pensar...no tempo. Na verdade acho que nada se move, agora não existe nem o movimento da palavra.
Fico no silêncio em que tantas vezes me deito e de onde hoje não quero sair, mas no silêncio sou assaltada pela mesma voz. Será a tua ou a minha?
As mesmas palavras, repetidas como música infernal que me estende na sua frieza e me adormece na agua de as lavar. Ou será que acorda?
A minha vontade é ficar parada no tempo para não tomar o caminho errado, mas só o tempo me mostrará o rumo.
Estou aqui a tentar matar as tuas palavras com outras, mas as que escrevo são bem mais fracas do que as que trago cravadas na alma.
Vou tentar tirar estes punhais de carinho que deixaste em mim e me impedem de falar.
Recolho-me ao silêncio, ao vazio, ao nada que sinto na alma.
Hoje não consigo refugiar-me aqui, nem em parte alguma.

Wednesday, April 19, 2006

Chegar agora a casa, com o olhar cheio de amor, mas com o coração vazio de nadas.
Chegar agora a casa, perceber que nunca me senti tão sozinha como hoje...perceber que nunca nada me raspou tão longe da pele, perceber que nunca o respirar me foi tão indiferente.
Quando estive sozinha, mesmo assim nunca a solidão se apoderou tanto de mim...
Onde foi que perdi?
Em que labirinto de mim deixei o meu respirar?
Tenho saudades de tanto...mas as saudades que me matam agora o sono, são as saudades que tenho de mim.
Algures na minha vida escrevi "sozinha mas nunca só"...será?
Só me quero.
Só te rejeito.
Só...me tento apaixonar de novo por mim.

As lagrimas escorrem, como nunca ninguém as viu em mim e ...só me tenho.
Onde estou eu?
Preciso de me ir conquistar!!!