silênciospalavras

a sedução das palavras...e o descobrir do silêncio

Tuesday, November 14, 2006

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Acaba o dia, neste gabinete tão frio como trago o meu peito. Sei que já passaram na ronda de apagar as luzes, fechar as portas, verificar que tudo está correcto.

Enquanto faziam a ronda, percebi que é mesmo isso que preciso...da ronda ao contrário. De acender as luzes, abrir as portas, olhar para mim e sentir que tudo está incorrecto. Porque sempre foi assim que vivi, de luzes acesas, portas abertas e a amar o incorrecto.

Este silêncio esmagou o silêncio que existia em mim. O silêncio que mantive debaixo de muito trabalho, de serôes que me forcei a fazer, só para não ouvir o meu silêncio. Mas hoje enquanto faziam a ronda...eu explodi comigo para viver e fiz tanto barulho que ninguèm ouviu, porque nunca ninguém me ouve.

Friday, August 18, 2006

Simplesmente

Não te quero os beijos, não te quero os suspiros, não te quero a subtileza, não te quero o amor, não te quero.
Quero-te a dureza das palavras que me espetam o silêncio, como agulha na carne e mesmo assim não me interessam. Quero saber que não te interessa o meu silêncio.
Sentir a dança que nos embala os corpos, sentir, sentir, sentir...sem que a alma seja convidada.
Quero ficar com o corpo marcado, tão fundo como trago a alma. Quero esquecer os poemas que não me trazem o sorriso, ignorar as palavras que não me afagam a lagrima, revoltar-me contra o silêncio e soltar um grito. Quero amar não te amar.
No fim não me abraces, não me perguntes, não tentes partilhar um cigarro...no fim abandona-me o corpo, que na minha alma não quero ninguém.
Deixa que o fim seja só isso mesmo, o fim. Nada mais quero a não ser o prazer de não sentir a alma, enquanto me lateja o corpo.

Friday, August 11, 2006

Cada beijo como uma história para adormecer, cada olhar como uma música de embalar.
Cada erro como um joelho esfolado, cada abraço como o reconforto da queda.
E eu sempre soube…que os teus beijos me adormeceriam como uma criança cansada.
Eu sempre soube…que o teu olhar me protegia da realidade.
Eu sempre soube…que os erros e as quedas seriam muitos.
Eu sempre soube que o amor é um disparate de crianças.
Eu sempre soube que sou uma criança com vontade de fazer disparates.

Contas-me uma história?
Será que ainda a sei ouvir?
Será que ainda sei ser criança?

Wednesday, August 02, 2006

Palavras e silêncios

As minhas palavras, desnecessárias, inúteis, banais.
Ninguém as sente como as dou, como as escrevo. Nem sei se as sentem de todo.
O meu silêncio é feito de pedra.
Inquebrável, intocável…frágil, tão frágil, porque é meu.
Segredos que nem eu sei, palavras que escondo do mundo, sentimentos que escondo de mim, vazios que me sabem tão bem e momentos fotograficamente guardados. E cheiros, de cada momento, de cada respirar que passou por mim, de cada música que dançou dentro de mim.
Por ser tão frágil, o meu silêncio é feito de pedra.
Guardado assim para te dar em beijos, se um dia te encontrar.
O meu silêncio é feito de…

Monday, July 24, 2006

Confissão

A noite parece demasiado longa quando a passamos a lutar contra silêncios. Rebolei toda a noite com as minhas memórias, enquanto tentava que o dia amanhecesse.
De que me vale cada castelo que ergo no ar, se tu vens sempre com esse olhar que me leva ao quanto ainda te quero?
Nem as palavras caladas que se vão acumulando, nem a ferida que me abriste, nem nada de nada na vida me afasta do que sinto por ti.
Quero-te tanto como quando te conheci, quero-te tanto como te queria mesmo antes de te conhecer.
Hoje aceito ...que sempre te amarei.
Da mesma forma que aceito que preciso de mim e da minha solidão, a mesma que hoje me sufoca tanto.

Tuesday, May 30, 2006

tempo

Tempo de mudanças...de arrumar a minha vida toda em caixotes de papelão, de guardar os livros, as fotografias, os cd's, os postais, os talões de multibanco em que escrevi poemas quando nao tinha papel, as fitas da minha capa escritas com amor, e os teus bilhetes. Tempo de mudar de casa, mudar de vida, tentar deitar no lixo o que me magoa e não o ter feito. Tempo de mudar, mas perceber que tudo vai comigo, o bom e o mau.
Encontro um bilhete teu escrito numa noite qualquer em que dizes que eu preencho o teu vazio, que eu sou a outra parte de ti.
Para ti eu respondo, que não quero nunca preencher o teu ou outro vazio qualquer. Eu não quero ser a outra parte de ninguém.
Podem dizer que sou utopica, podem dizer o que quiserem, mas para mim o amor não é preencher vazios, talvez um dia encontre alguém que seja um e que não me queira para ser a cara-metade.
Tempo de mudanças...em que me perco, em que me sinto sozinha, em que saio de casa e deixo a minha vida em caixotes com medo das memorias que estão lá dentro.
Nem sei que tempo é este que me deixa sem palavras, sem poesia e com vontade de querer ser outra...deve ser tempo de mudar.

Monday, May 15, 2006

Acabei

Acabei de te despir.
Acabei de ficar no teu cheiro por mais um momento.
Acabei de te contar como os lugares da minha vida ficam vazios quando não estás.
Adormeci mais uma vez nos teus braços, para acordarmos com a realidade a chamar por nós.
Acabei de te dizer que não sei mais viver esta história e que a única coisa que quero de ti é que me abandones sozinha nos lugares vazios de mim.
Acabei de te ver vestir, de te ver sair da minha cama, de te ver sair, de te ver deitar uma lagrima enquanto eu te dizia adeus com o olhar.
Acabei...