silênciospalavras

a sedução das palavras...e o descobrir do silêncio

Thursday, February 09, 2006

casulo do amor

Será que tudo tem um fim?
Será que mesmo o que nos parece infindável, acaba por não o ser?
Será esta a grande verdade do mundo, que tudo nasce e tudo morre um dia?
Ou será que os sentimentos nunca morrem, só se transformam? Se cada passo que damos nos muda, se cada experiência que temos nos faz diferentes enquanto pessoas, então não seria mais cómodo ficarmos quietos no escuro a resguardar os sentimentos?
Será que o crescer nos transforma os sentimentos, ou acaba com uns para ver nascer outros?
O amor as vezes parte, porque o deixamos partir, mas as vezes parte só porque partiu. Assim, sem respostas aos nossos porquês, sem consolo para as nossas lágrimas, sem respeito por tudo o que já havia sido erguido.
O escuro do amor é tão bom para quem lá consegue estar. Mas será que isso é a nossa natureza? Não é suposto vivermos tudo o que conseguirmos? Viver com luz tem mais riscos, mas é o único viver.
E se o amor que pensamos ser para sempre se transformar em carinho, em respeito, em admiração, e numa suave rotina, mais fácil e confortável, num suave amar. Será que é só uma derivação do amor adulto, ou será que é o fim? E porque não abrir as portadas do coração e ver a luz da vida e de um outro amor que nasce a nosso lado? Porque é injusto para quem está a nosso lado, porque é aterrorizador mudar o nosso dia, a nossa rotina, os nossos planos que já eram finais, porque poderá ser o maior erro da nossa vida, porque podemos só estar a ver o fogo da paixão que acaba sempre por abrandar no amor. Tudo isto são os motivos para querer ficar para sempre.
Os motivos para sair do casulo do "amor para sempre"?
Não são tantos como para ficar, não são tão racionais, não são tão justos para os outros…mas não são esses que nos fazem viver?
Arriscar, perder, arrepender, amar para sempre mas só enquanto o sempre durar e correr sempre atrás de tudo o que não conhecemos sentir, mas que queremos tentar viver.
Mudar a vida sempre que a vida já não mude nada em nós, caminhar sempre que as pernas já não se mexam, correr atrás do que não sabemos, mesmo quando julgávamos já ter a nosso lado o tal amor para sempre.
E o “será” será sempre a nossa catana para desbravar a floresta de sentimentos de que somos feitos.

2 Comments:

Blogger Unknown said...

E se os sentimentos nem morrem nem se transformam? E se permanecerem lá? Será que aquilo que apelidamos de morte ou transformação de um sentimento não é apenas um “arrumar” a casa? Não acabarão eles por ficar lá sossegados e guardados? Guardados no espaço e no tempo em que fizeram sentido... Talvez não façam mais, porque como tu própria dizes cada passo que damos nos faz mudar... Mas será que o deixar de fazer sentido implica que o que um dia se sentiu tão forte deixe de existir? E se assim for, como podemos ter a certeza que de facto existiu???
Às vezes, ao ouvir uma música ou ver algo lembro-me de coisas que julgava esquecidas... e sinto-as exactamente com a mesma força... Mas depois passa... Porque embora nunca tenham deixado de existir agora já não fazem sentido... Será isso a “morte” de um sentimento???

09 February, 2006 18:26  
Blogger joana said...

O amor raramente nasce em mim, e quando nasce nunca sabe morrer.E o amor não morre...resiste, mesmo quando saimos dele, mesmo quando não o queremos mais, mesmo quando alguém o tenta matar. Por isso vale a pena sair, partir,correr pelas paixões, arriscar tudo, se calhar perder tudo... e voltar a saber mais e melhor, que o amor não morre, o amor quando nasce resiste.

09 February, 2006 19:04  

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